16 de março de 2007

Tecelagem Africana

“Na sociedade tradicional africana, as atividades humanas possuíam freqüentemente um caráter sagrado ou oculto, principalmente as atividades que consistiam em agir sobre a matéria e transformá-la, uma vez que tudo é considerado vivo. Toda função artesanal estava ligada a um conhecimento esotérico transmitido de geração a geração.(...)
Antes de dar início ao trabalho, o tecelão deve tocar cada peça do tear pronunciando palavras ou ladainhas correspondentes às forças da vida que elas encarnam.
O vaivém dos pés, que sobem e descem para acionar os pedais, lembra o ritmo original da Palavra Criadora, ligado ao dualismo de todas as coisas e à lei dos ciclos. Como se os pés dissessem: Quando um sobe o outro desce. A morte do rei e a coração do príncipe. A morte do avô e o nascimento do neto. Brigas de divórcio misturadas ao barulho de uma festa de casamento.
Diz a navete: Eu sou a Barca do Destino, o movimento, passo por entre os recifes dos fios da trama, que representam a vida. Do lado direito para o esquerdo e vice-versa. A vida é um eterno vaivém.
A tira de tecido que se acumula e se enrola em um bastão sobre o ventre do tecelão representa o passado, enquanto o rolo do fio a ser tecido simboliza o mistério do amanhã, o desconhecido, o devir”. (História Geral da África)